sábado, 21 de novembro de 2009

A Dança do Boi de Parintins Parte 2



História do Boi Bumbá Garantido


Surgido a 13 de junho de 1913, o Boi Garantido apareceu nos sonhos do curumim Lindolfo Monteverde, que sempre sentava ao colo de sua avó maranhense para ouvir as lendas do boi de pano que dançava nas noites de São João.

Inicialmente o menino de 11 anos, que brincava com a garotada de fé (turma de amigos) em seu quintal, confeccionou seu boi com curuatá, e batizou-o de "Garantido".

Por mais sete anos o quintal de Dona Xanda (Alexandrina Monteverde, mãe de Lindolfo) foi o palco para a festa desse Boi.

Após algumas discussões com Dona Xanda, Lindolfo conseguiu convencer a mãe a ajudá-lo a fazer os primeiros chapéus e camisas vermelhas, para sair às ruas. A resistência de sua mãe não era gratuita, uma vez que naquela época, as batalhas entre contrários eram coisa séria. Tanto que nem as mulheres podiam participar.

Mas foi aos 18 anos que a brincadeira de quintal de Lindolfo se tornou motivo de promessa, e transformou Garantido em um "Boi de promessa".

Durante uma viagem ao Pará, Lindolfo teve sérios problemas de saúde e fez uma promessa a São João Batista: se ele ficasse curado, faria seu Boi brincar durante toda sua vida. Graça alcançada, promessa cumprida.

Daí para frente o Boi foi conquistando ao longo de várias décadas o coração de milhares de vermelhos no Brasil e no mundo, mantendo vivas as raízes do amazonense através de sua música e dança.

Figuras centrais do Boi


Tradicionalmente, o Boi era formado por:


Um Amo, 2 Vaqueiros, 4 Índios, Caboclos, Pai Francisco, Mãe Catirina, Cazumbá, Lamparineiros, Padre, Sacristão, Pajé, Feiticeiro, Dr. da Cachaça, Dr. do Trovão, Dr. Curabem, Dr. Veterinário, 2 Rapazes, Tripa do Boi, Batuqueiros, D. Maria, a senhora da fazenda, e o Negro Velho.


Hoje, os vaqueiros formam um grupo de 40 brincantes e os índios se tornaram tribos inteiras.
A figura do Padre, Sacristão, Dr. da Cachaça desapareceram do Boi de Parintins, mas permanecem nos Bois de Manaus. No Boi de Parintins, hoje ocupam destaque principal:
Pajé e Cunhã Poranga - representantes da cultura indígena, Amo do Boi, Rainha do Folclore e Sinhazinha da Fazenda, representando o homem europeu Pai Francisco e Mãe Catirina, representando o negro.


Ontem e hoje os bois apresentam e conservam quatro elementos distintos no decorrer da folgaça folclórica: o falado, o cantado, o orquestrado e o representado.


Na maioria das versões de boi-bumbá existentes em cada Estado, o enredo encenado é geralmente o mesmo. O tripa do boi é uma das peças mais importantes da brincadeira. É o homem que dança embaixo da “carcaça” do boi. O som fica por conta das toadas, com batuques de tambores, repiques, caixinhas e surdos. Esse é o boi em sua forma, digamos, mais original, que em muitas localidades da Amazônia ainda é reproduzido de forma eminentemente folclórica. Tanto que para muitos, esse boi original e primitivo em pouco ou nada se assemelha à grandiosa festa dos bois de Parintins, realizada no mês de julho, a cerca de 400 Km de Manaus, no Amazonas.


http://www.cidadeparintins.com.br/folclore/


Bumba-meu-boi do Maranhão

O bumba-meu-boi é um dos folguedos populares mais conhecidos no Brasil. Essa manifestação folclórica, comemorada no dia 28 de junho, é encontrada em grande parte de nosso território e recebe nomes diferentes. No Nordeste é conhecido como bumba-meu-boi; no Centro-Oeste, como boi-a-serra; em Santa Catarina, como boi-de-mamão e nos estados do Norte como boi-bumbá.

Nos últimos anos, muitos turistas que visitaram o estado do Amazonas no mês de junho dirigiram-se a Parintins, cidade situada a 420 km de Manaus, à margem direita do rio Amazonas. Ali, a apresentação de uma mistura do bumba-meu-boi do Nordeste com lendas indígenas, características da cultura dos povos locais, resulta no Festival Folclórico de Parintins, conhecido internacionalmente.

Os folguedos do boi são uma encenação dramática, que ocorre nas praças e ruas. Enquanto os folguedos do bumba-meu-boi na região Nordeste são tradicionalmente encenados entre o dia do Natal e o dia de Reis, no estado do Maranhão e nos estados do Norte eles ocorrem principalmente durante as festas juninas. Entretanto, por causa do turismo, as festas do boi vêm sendo encenadas em todos os finais de semana em algumas cidades. No Maranhão, no mês de junho, as ruas de São Luís ficam geralmente cheias de bois coloridos, cabeça feita de madeira ou papel machê. Mas quem lhe dá vida é um adulto, ou criança, que ao som de bumbos, violas, pandeiros faz o povo dançar ou correr de suas investidas.

O pessoal se reúne durante todo o mês de junho para reviver a lenda da escrava grávida que desejou comer a língua do boi mais bonito do patrão. O bumba-meu-boi rodopia no meio de uma multidão dos arranhais. O capataz surge montado em uma burrinha encantada e ganha a companhia dos espíritos da floresta. São mais de 300 grupos num ritual de devoção nos terreiros.

Os grupos de bumba-meu-boi percorrem os arraiais até 30 de junho, dia de São Marçal, também considerado santo junino pelos maranhenses.

O bumba meu boi é um folguedo Bumba iniciado nos estados nordestinos, principalmente o de Pernambuco e que tinha como sujeitos trabalhadores negros, brancos, índios e mestiços. Cada um com sua particularidade, a intenção é uma investigação em História social sobre a cultura dos trabalhadores do século XIX e início do XX que seja atenta às realizações festivas dos trabalhadores escravos e livres como indícios da ação de resistência

cultural, social e política.



A origem do auto do bumba-meu-boi remonta ao Ciclo do Gado, no século XVIII, resultante das relações desiguais que existem entre os escravos e os senhores nas Casas Grandes e Senzalas, refletindo as condições sociais vividas pelos negros e índios. Contado e recontado através dos tempos, na tradição oral nordestina, e depois espalhada pelo Brasil, a lenda fundante adquire contornos de sátira, comédia, tragédia e drama, conforme o lugar em que se inscreve, mas sempre levando em consideração a estória de um homem e um boi, ou seja, o contraste entre, por um lado, a fragilidade do homem e a força bruta do boi e, por outro lado, a inteligência do homem e a estupidez do animal.


Do ponto de vista teatral, o folguedo deriva da tradição espanhola e da portuguesa, tanto no que diz respeito ao desfile como à representação propriamente dita; tradição de se encenarem peças religiosas de inspiração erudita, mas destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos Jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios portugueses aventureiros e conquistadores no catolicismo, por meio da encenação de pequenas peças.


Como dança dramática, o bumba-meu-boi adquire através dos tempos, algumas características dos autos medievais, o que lhe dá o seu caráter de veículo de comunicação. Simples, emocional, direto, linguagem oral, narrativa clara e uma ampla identificação por parte do público, tomando semelhanças com a comédia satírica ou tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens alegóricos, os incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico.


Ao espalhar-se pelo país, o bumba-meu-boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. Dessa forma, enquanto no Maranhão, Rio Grande do Norte e Alagoas é chamado bumba-meu-boi, no Pará e Amazonas é Boi-Bumbá ou Pavulagem; em Pernambuco é Boi Calemba ou Bumbá; no Ceará é Boi de Reis, Boi Surubim e Boi Zumbi; na Bahia é Boi Janeiro, Boi Estrela do Mar, Dromedário e Mulinha-de-Ouro; no Paraná, em Santa Catarina, é Boi de Mourão ou Boi de Mamão; em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Cabo Frio é Bumba ou Folguedo do Boi; no Espírito Santo é Boi-de-Reis; no Rio Grande do Sul é Bumba, Boizinho, ou Boi Mamão; em São Paulo é Boi de Jacá e Dança do Boi.


http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/5ritmos/origem.html